“Imóvel ao
Fim de Semana”
(10/12/2014 – quarta feira)
Escrito por Robson Nakazato
Inicia–se
com a imagem em preto e com uma narração em “off ” (narrador em primeira pessoa
que relata sem aparecer em cena).
ACADÊMICO – Desde que sai da
minha terra natal, Campo Grande, passei a morar em El Dourado por causa da
faculdade. Minha vida passou a se tornar uma rotina sistemática; mesmo que eu
volte para casa nos finais de semana, ,inha vida se tornou igual àqueles
videoclipes no qual o cantor fica numa posição de estatueta reta e o fundo é
todo movimentado, na qual o mundo está cada vez mais com pouco tempo. Para
entender um pouco do que eu estou falando veja o clipe de Phil Collins (http://www.youtube.com/watch?v=ZQJh-oU0M9Y).
O Acadêmico
acorda e ele vê na sua mente a sua rotina diária da semana. Ele permanece reto,
em sua posição e o fundo se movimenta de forma frenética, o ambiente se altera
com o decorrer de cada dia; até chegar sexta–feira com o Acadêmico sentado em
um banco, depois ele se levanta, começa a caminhar e fala novamente com leitor.
ACADÊMICO – Isso mesmo, até os
sábados e domingos não servem para “quebrar a rotina”; se fosse ao contrário eu
não percorreria 230 km de distância, não perderia exatamente 7 horas na estrada.
E ainda mais, às vezes existem obstáculos nos finais de semana. Acompanhem a
minha agenda:
Ø
Sextas–feiras:
– Enfrentar 3:30h de estrada pela única empresa
de ônibus com o trecho (El-Dorado - Campo Grande), ou seja, você deve se
adequar aos horários definidos pela empresa.
Ø
Sábado:
– Ajudar a fazer o almoço espetáculo (almoços
trabalhosos) ;
– Limpar
o quintal;
– Jogar vôlei de tarde;
– E a
melhor parte do dia: jantar em restaurante.
Ø
Domingo:
– As vezes tenho que ajudar na realização de alguns eventos;
- E o pior: ver o que final de semana acabou
e não consegui aproveitar e nem descansar;
– E nesse dia ainda tenho que voltar El-Dorado e enfrentar mais uma semana que se
inicia.
No dia
seguinte, o Acadêmico levanta da sua cama, vai para a universidade, encontra um
banco para se sentar e faz perguntas ao leitor:
ACADÊMICO – Mas aí vocês devem
estar se perguntando: “por que eu não me recuso ou simplesmente digo NÃO para
esses afazeres?”. E eu também te pergunto: “é fácil você dizer NÃO para sua
vida?”.
O Acadêmico
se levanta do banco.
ACADÊMICO – Se você é bolsista, por
exemplo, recebe vales ou recursos financeiros para estudar ou trabalhar em
projetos. (O Acadêmico aponta o dedo para esse bolsista do exemplo). Olhem para
aquele Sujeito, é um conhecido, que não possui boas condições de vida; ele é um
acumulador de bolsas, que ninguém sabe quantas ele tem. Vocês acham que ele
diria algum “não” para os projetos que ele faz? Ei Sujeito, chega aí. Me diga
se tem coragem de falar algum “não” para algum projeto que você ganha bolsa?
SUJEITO – Olha devido ao meu
excesso de bolsas e projetos que participo é muito exaustivo para mim. Mas se
eu disser “não” às atividades obrigatórias, corro sérios riscos de perder tudo.
ACADÊMICO – Se sua situação
financeira fosse oposta, se seus pais ralassem e conseguissem te manter aqui. Seria
possível falar algum NÃO a eles?
SUJEITO – Eu penso da seguinte
forma: na situação de negar ajuda no almoço, meu pai diria: “É assim? Ralo para
te por na universidade, te dou oportunidade e é assim que você me agradece?
Pois não é minha obrigação a fazer isso e já que você se acha o dono do próprio
nariz então utilize sua mesada presidencial para pagar suas contas!”. Logo,
apesar de ter coisas que não gosto de fazer, tenho a obrigação de cumprir.
ACADÊMICO – Ok. Muito obrigado.
O Sujeito
sai de cena. Após o Sujeito se retirar o Acadêmico, olha para leitor querendo
lhe dar sermão:
ACADÊMICO – Está vendo? Se você é
acadêmico como eu e acha tão simples dizer “não” para sua vida fora da
faculdade, você é cego com aqueles que lutam por você.
Acadêmico
anda pela cidade e manda seu recado:
ACADÊMICO – A vida sempre é
complicada. O desejo de torná-la boa deve ser encarado com responsabilidades,
caso contrário, faça uma boa ação e repense em todas as suas atitudes e veja
que tem muita gente que gostaria de ter as suas oportunidades.
O Acadêmico
senta em um banco de uma praça e olha diretamente a uma grande imagem de Campo
Grande.
ACADÊMICO – Sabem o que mais
desejo fazer quando vou para lá? Simples! Acordar de manhã; tomar café
tranquilamente; sair e ir para o centro da cidade; comprar alguma bobeira;
cortar o almoço; e deixar a cozinha quieta.
Fim
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