sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Imóvel ao Fim de Semana



“Imóvel ao Fim de Semana”
(10/12/2014 – quarta feira)
Escrito por Robson Nakazato


Inicia–se com a imagem em preto e com uma narração em “off ” (narrador em primeira pessoa que relata sem aparecer em cena).

ACADÊMICO – Desde que sai da minha terra natal, Campo Grande, passei a morar em El Dourado por causa da faculdade. Minha vida passou a se tornar uma rotina sistemática; mesmo que eu volte para casa nos finais de semana, ,inha vida se tornou igual àqueles videoclipes no qual o cantor fica numa posição de estatueta reta e o fundo é todo movimentado, na qual o mundo está cada vez mais com pouco tempo. Para entender um pouco do que eu estou falando veja o clipe de Phil Collins (http://www.youtube.com/watch?v=ZQJh-oU0M9Y).

O Acadêmico acorda e ele vê na sua mente a sua rotina diária da semana. Ele permanece reto, em sua posição e o fundo se movimenta de forma frenética, o ambiente se altera com o decorrer de cada dia; até chegar sexta–feira com o Acadêmico sentado em um banco, depois ele se levanta, começa a caminhar e fala novamente com leitor.

ACADÊMICO – Isso mesmo, até os sábados e domingos não servem para “quebrar a rotina”; se fosse ao contrário eu não percorreria 230 km de distância, não perderia exatamente 7 horas na estrada. E ainda mais, às vezes existem obstáculos nos finais de semana. Acompanhem a minha agenda:
Ø  Sextas–feiras:
– Enfrentar 3:30h de estrada pela única empresa de ônibus com o trecho (El-Dorado - Campo Grande), ou seja, você deve se adequar aos horários definidos pela empresa.
Ø  Sábado:
–  Ajudar a fazer o almoço espetáculo (almoços trabalhosos) ;
–  Limpar o quintal;
–  Jogar vôlei de tarde;
–  E a melhor parte do dia: jantar em restaurante.
Ø  Domingo:
– As vezes tenho que ajudar  na realização de alguns eventos;
- E o pior: ver o que final de semana acabou e não consegui aproveitar e nem descansar;
– E nesse dia ainda tenho que voltar  El-Dorado e enfrentar mais uma semana que se inicia.

No dia seguinte, o Acadêmico levanta da sua cama, vai para a universidade, encontra um banco para se sentar e faz perguntas ao leitor:

ACADÊMICO – Mas aí vocês devem estar se perguntando: “por que eu não me recuso ou simplesmente digo NÃO para esses afazeres?”. E eu também te pergunto: “é fácil você dizer NÃO para sua vida?”.

O Acadêmico se levanta do banco.

ACADÊMICO – Se você é bolsista, por exemplo, recebe vales ou recursos financeiros para estudar ou trabalhar em projetos. (O Acadêmico aponta o dedo para esse bolsista do exemplo). Olhem para aquele Sujeito, é um conhecido, que não possui boas condições de vida; ele é um acumulador de bolsas, que ninguém sabe quantas ele tem. Vocês acham que ele diria algum “não” para os projetos que ele faz? Ei Sujeito, chega aí. Me diga se tem coragem de falar algum “não” para algum projeto que você ganha bolsa?
SUJEITO – Olha devido ao meu excesso de bolsas e projetos que participo é muito exaustivo para mim. Mas se eu disser “não” às atividades obrigatórias, corro sérios riscos de perder tudo.
ACADÊMICO – Se sua situação financeira fosse oposta, se seus pais ralassem e conseguissem te manter aqui. Seria possível falar algum NÃO a eles?
SUJEITO – Eu penso da seguinte forma: na situação de negar ajuda no almoço, meu pai diria: “É assim? Ralo para te por na universidade, te dou oportunidade e é assim que você me agradece? Pois não é minha obrigação a fazer isso e já que você se acha o dono do próprio nariz então utilize sua mesada presidencial para pagar suas contas!”. Logo, apesar de ter coisas que não gosto de fazer, tenho a obrigação de cumprir.
ACADÊMICO – Ok. Muito obrigado.

O Sujeito sai de cena. Após o Sujeito se retirar o Acadêmico, olha para leitor querendo lhe dar sermão:

ACADÊMICO – Está vendo? Se você é acadêmico como eu e acha tão simples dizer “não” para sua vida fora da faculdade, você é cego com aqueles que lutam por você.

Acadêmico anda pela cidade e manda seu recado:

ACADÊMICO – A vida sempre é complicada. O desejo de torná-la boa deve ser encarado com responsabilidades, caso contrário, faça uma boa ação e repense em todas as suas atitudes e veja que tem muita gente que gostaria de ter as suas oportunidades.

O Acadêmico senta em um banco de uma praça e olha diretamente a uma grande imagem de Campo Grande.

ACADÊMICO – Sabem o que mais desejo fazer quando vou para lá? Simples! Acordar de manhã; tomar café tranquilamente; sair e ir para o centro da cidade; comprar alguma bobeira; cortar o almoço; e deixar a cozinha quieta.



Fim


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