“A Fórmula da Série”
(04/11/2013 – segunda feira)
NOTA do AUTOR: nesta publicação será um pouco diferente, pois este possui o formato escrito como um roteiro comum de filme ou série. Falando em seriado, esta história pode ser bem compreendida caso o leitor assista muitas séries de TV.
Na
sala de reuniões da Comissão Nacional da Televisão Brasileira (CNTVBr)
encontram-se vários roteiristas de todos os meios de entretenimento, como os
de: novelas, reality shows, esquetes de humor e etc. Todos estão trocando ideias
até a chegada do Diretor da empresa.
DIRETOR
- Bem, bom dia a todos e obrigado por virem nesta
reunião. Eu pedi a todos vocês virem aqui porque este país precisa de algo
novo!
ROTERISTA 1
- E o que seria Diretor?
DIRETOR
- Bem, é que ultimamente
nossa empresa comprou muitos direitos autorais de exibição de alguns programas
da TV de fora. Como: BBB, Ídolos, Master Chef e The Voice. E aí que eu lhes
pergunto “qual é principal novidade do momento das TVs de hoje?”
Todos
ficam em dúvida, olhando para cima, pondo a caneta/lápis perto da boca como
forma de pensamento e alguns conversam baixinho.
DIRETOR
- Hã...para não perdemos
tempo eu digo: séries de TV com episódios interligados.
ROTERISTA 2
- Espera aí seu Diretor, o
senhor quis dizer novelas?
DIRETOR
- Não! Nunca! Série de TV
interligada, sabe aquela no estilo americana.
Sem essas tramas de: “quem matou quem”, “fulano traiu com seu corno”,
“muito menos vilão de coisa mexicana”.
ROTERISTA 3
- Só
um minutinho senhor Diretor.
DIRETOR
- O que foi Bráulio?
ROTERISTA 3
- Como é essa série de TV no
estilo americano que o senhor está falando?
DIRETOR
- Aquelas que seguem uma
fórmula específica. Se vocês notarem, por exemplo, depois de 24 Horas e Lost,
muitas séries vieram com esta mesma fórmula. Eu inclusive escrevi algumas
coisinhas obrigatórias que deve ter.
ROTERISTA 4
- Ah que bom! Então fale
aí Diretor.
DIRETOR
- A trama deve girar em
torno de: pessoas unidas por uma determinada causa, sempre haver um personagem
de origem asiática, ter criança ou adolescente no meio, alguém muito estranho
sinistro guardando algum segredo consigo; e o protagonista possui algum passado
não tão bom e enfrentar a situação atual como uma oportunidade de se ver
melhor.
Depois
que todos ouviram o Diretor os roteiristas papearam um pouquinho sobre a idéia,
balançaram suas cabeças positivamente e bateram palmas.
ROTERISTA 5
- Mas eu ainda tenho uma dúvida.
DIRETOR
- O que foi René?
ROTERISTA 5
- Por acaso esta série vai ter
putaria? Sabe...vai ter cenas de sexo,
homens mostrando a bunda e as mulheres os peitos?
DIRETOR
- Pode até ter um
pouquinho de tetas. Podemos até nos igualar as séries da HBO ou Show Time, para
o público poder ver e gozar.
ROTERISTA 3
- Desculpe aí só um minutinho senhor!
DIRETOR
- O que foi Bráulio?
ROTERISTA 3
- O senhor
havia dito que queria uma série de TV no estilo americana, certo?
DIRETOR
- Isso.
ROTERISTA 3
- Que tal a
gente inserir nesta série um problema atual e reflexivo ao país.
DIRETOR
- Tai alguém
que tem uma brilhante idéia. Conta aí.
ROTERISTA 3
- Se a gente
fazer uma série parecido com The Walking Dead. Só que ao invés de zumbis vamos
colocar o apocalypse fosse: o retorno da inflação!
DIRETOR
- Continue
sua história.
ROTERISTA 3
- Bom se
passa em algum tempo depois da Copa do Mundo, Olimpíadas no Brasil e alguns
eventos de encontros universais terem sido fracassados aqui. Com isso os países
do mundo perceberam a nossa verdadeira face maquiada, e eles decidem abandonar
as parcerias financeira e econômica. Com isso todos os tipos de produtos daqui
aumentaram seus preços e assim retornou aquela inflação dos anos oitenta.
ROTERISTA 1
- E com a
inflação, o governo irá fuder o povão deixando-o emputecido. E aí a população
que tem a cultura do “foda-se” acabam quebrando tudo em sua volta.
ROTERISTA 2
- Assim os
políticos recebem proteção da polícia, do exército, da marinha e aeronáutica
brasileira; deixando a população de lado. Assim temos nossos personagens que estão
à procura destes safados a fim de buscar uma vida melhor.
Todos estão alegres pela ideia brilhante. Até
que alguém interrompe chamando o Diretor.
ROTERISTA 4
- Diretor só
um esclarecimento.
DIRETOR
-
Que foi?
ROTERISTA 4
- O que tá
mesmo bombando não são séries de TV e sim os serviços de “streaming”.
DIRETOR
-
Quê?
ROTERISTA 4
-
Streaming. Netflix.
Crackle. Serviços de internet com pacote de opção “Play”.
Todos ficam em silêncio. Ninguém reage.
Roterista 4 tenta entender o que aconteceu
ROTERISTA 4
- Gente. Que
foi? Por que todo mundo tá parado aí?
ROTERISTA 5
- Estamos
esperando...
ROTERISTA 4
- Quem?
DIRETOR
- O escritor
que criou a gente e nossa história. No momento ele está em crise de
criatividade para nossa finalização.
ROTERISTA 3
- Lembra o
Tele Curso 2000 que tinha um personagem chamado Machado que era escritor e
trabalhador industrial. Na maioria das histórias dele eram incompletas e
ficavam congeladas.
ROTERISTA 1
- E aí
aparecia um homem perguntando ao espectador como iria acabar.
ROTERISTA 5
- É. Acho
que ele tá chegando...
O Diretor e
os roteiristas saem de cena. Aparecem dois homens: branco e negro sentados numa
mesa com uma máquina de escrever. Aí viram a cabeça para conversar com leitor.
MACHADO
(Theo Werneck)
- E você tem
alguma ideia para mim?
PERSONAGEM
DO TELECURSO (Acaiabe)
- (Risos) É
faz muito tempo que nós não vemos. Já que você conseguiu chegar até aqui pode
fazer um pequeno favor. Deixe um pouco seu celular de lado e vamos exercitar a
imaginação para esta história.
MACHADO (Theo
Werneck)
- Se você
sabe como terminar escreva aqui na parte dos comentários. Foi bom nos
reencontrar. Tchau.
PERSONAGEM
DO TELECURSO (Acaiabe)
- Até a
próxima.
FIM
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