quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Fórmula da Série

“A Fórmula da Série”
(04/11/2013 – segunda feira)


NOTA do AUTOR: nesta publicação será um pouco diferente, pois este possui o formato escrito como um roteiro comum de filme ou série. Falando em seriado, esta história pode ser bem compreendida caso o leitor assista muitas séries de TV. 


Na sala de reuniões da Comissão Nacional da Televisão Brasileira (CNTVBr) encontram-se vários roteiristas de todos os meios de entretenimento, como os de: novelas, reality shows, esquetes de humor e etc. Todos estão trocando ideias até a chegada do Diretor da empresa.

DIRETOR
                       - Bem,  bom dia a todos e obrigado por virem nesta reunião. Eu pedi a todos vocês virem aqui porque este país precisa de algo novo!
ROTERISTA 1
                       - E o que seria Diretor?
DIRETOR
                       - Bem, é que ultimamente nossa empresa comprou muitos direitos autorais de exibição de alguns programas da TV de fora. Como: BBB, Ídolos, Master Chef e The Voice. E aí que eu lhes pergunto “qual é principal novidade do momento das TVs de hoje?”

Todos ficam em dúvida, olhando para cima, pondo a caneta/lápis perto da boca como forma de pensamento e alguns conversam  baixinho.

DIRETOR
                       - Hã...para não perdemos tempo eu digo: séries de TV com episódios interligados.
ROTERISTA 2
                      - Espera aí seu Diretor, o senhor quis dizer novelas?
DIRETOR
                      - Não! Nunca! Série de TV interligada, sabe aquela no estilo americana.  Sem essas tramas de: “quem matou quem”, “fulano traiu com seu corno”, “muito menos vilão de coisa mexicana”. 
ROTERISTA 3
 - Só um minutinho senhor Diretor.
DIRETOR
                     - O que foi Bráulio? 
ROTERISTA 3
                     - Como é essa série de TV no estilo americano que o senhor está falando?
DIRETOR
                     - Aquelas que seguem uma fórmula específica. Se vocês notarem, por exemplo, depois de 24 Horas e Lost, muitas séries vieram com esta mesma fórmula. Eu inclusive escrevi algumas coisinhas obrigatórias que deve ter.
ROTERISTA 4
                     - Ah que bom! Então fale aí Diretor.
DIRETOR
                     - A trama deve girar em torno de: pessoas unidas por uma determinada causa, sempre haver um personagem de origem asiática, ter criança ou adolescente no meio, alguém muito estranho sinistro guardando algum segredo consigo; e o protagonista possui algum passado não tão bom e enfrentar a situação atual como uma oportunidade de se ver melhor.

Depois que todos ouviram o Diretor os roteiristas papearam um pouquinho sobre a idéia, balançaram suas cabeças positivamente e bateram palmas.
ROTERISTA 5
                     - Mas eu ainda tenho uma dúvida.
DIRETOR
                     - O que foi René?
ROTERISTA 5
                     - Por acaso esta série vai ter putaria?  Sabe...vai ter cenas de sexo, homens mostrando a bunda e as mulheres os peitos?
DIRETOR
                     - Pode até ter um pouquinho de tetas. Podemos até nos igualar as séries da HBO ou Show Time, para o público poder ver e gozar.                    
ROTERISTA 3
- Desculpe aí só um minutinho senhor!
DIRETOR
- O que foi Bráulio?
ROTERISTA 3
- O senhor havia dito que queria uma série de TV no estilo americana, certo?
DIRETOR
- Isso.
ROTERISTA 3
- Que tal a gente inserir nesta série um problema atual e reflexivo ao país.
DIRETOR
- Tai alguém que tem uma brilhante idéia. Conta aí.
ROTERISTA 3
- Se a gente fazer uma série parecido com The Walking Dead. Só que ao invés de zumbis vamos colocar o apocalypse fosse: o retorno da inflação!
DIRETOR
- Continue sua história.
ROTERISTA 3
- Bom se passa em algum tempo depois da Copa do Mundo, Olimpíadas no Brasil e alguns eventos de encontros universais terem sido fracassados aqui. Com isso os países do mundo perceberam a nossa verdadeira face maquiada, e eles decidem abandonar as parcerias financeira e econômica. Com isso todos os tipos de produtos daqui aumentaram seus preços e assim retornou aquela inflação dos anos oitenta.
ROTERISTA 1
- E com a inflação, o governo irá fuder o povão deixando-o emputecido. E aí a população que tem a cultura do “foda-se” acabam quebrando tudo em sua volta.
ROTERISTA 2
- Assim os políticos recebem proteção da polícia, do exército, da marinha e aeronáutica brasileira; deixando a população de lado. Assim temos nossos personagens que estão à procura destes safados a fim de buscar uma vida melhor.

Todos estão alegres pela ideia brilhante. Até que alguém interrompe chamando o Diretor.

ROTERISTA 4
- Diretor só um esclarecimento.
DIRETOR
-          Que foi?
ROTERISTA 4
- O que tá mesmo bombando não são séries de TV e sim os serviços de streaming”.
DIRETOR
-          Quê?
ROTERISTA 4
-           Streaming. Netflix. Crackle. Serviços de internet com pacote de opção “Play”.

Todos ficam em silêncio. Ninguém reage. Roterista 4 tenta entender o que aconteceu

ROTERISTA 4
- Gente. Que foi? Por que todo mundo tá parado aí?
ROTERISTA 5
- Estamos esperando...
ROTERISTA 4
- Quem?
DIRETOR
- O escritor que criou a gente e nossa história. No momento ele está em crise de criatividade para nossa finalização.
ROTERISTA 3
- Lembra o Tele Curso 2000 que tinha um personagem chamado Machado que era escritor e trabalhador industrial. Na maioria das histórias dele eram incompletas e ficavam congeladas.
ROTERISTA 1
- E aí aparecia um homem perguntando ao espectador como iria acabar.
ROTERISTA 5
- É. Acho que ele tá chegando...

O Diretor e os roteiristas saem de cena. Aparecem dois homens: branco e negro sentados numa mesa com uma máquina de escrever. Aí viram a cabeça para conversar com leitor.

MACHADO (Theo Werneck)
- E você tem alguma ideia para mim?
PERSONAGEM DO TELECURSO (Acaiabe)
- (Risos) É faz muito tempo que nós não vemos. Já que você conseguiu chegar até aqui pode fazer um pequeno favor. Deixe um pouco seu celular de lado e vamos exercitar a imaginação para esta história.
MACHADO (Theo Werneck)
- Se você sabe como terminar escreva aqui na parte dos comentários. Foi bom nos reencontrar. Tchau.
PERSONAGEM DO TELECURSO (Acaiabe)
- Até a próxima.


FIM

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